
Como falar de racismo e diferenças com as crianças
Desde muito pequenas, a crianças percebem as diferenças raciais. Elas são capazes de entender que a pele das pessoas tem cores diferentes, que há mais de um tipo de cabelo ou de formato dos olhos e nariz. Nossas crianças, assim como categorizam brinquedos, conseguem categorizar pessoas. Assim, não é possível que os adultos cuidadores não conversem sobre raça num país tão diverso como o Brasil.
Quando silenciamos sobre esse assunto, acabamos reforçando estereótipos, preconceitos e racismo. Pais, professores, profissionais de saúde… toda a comunidade é responsável pela formação das crianças e pela construção de uma sociedade antirracista.
O que é ser antirracista?
No Brasil, as pessoas reconhecem que existe racismo, no entanto, a maior parte delas diz que não é racista. Assim, a conta não fecha.
Por que o país é racista, mas as pessoas não são?
Porque para acabar com o racismo não basta dizer “eu não sou racista”. O racismo somente acabará quando todos nós tivermos uma postura antirracista.
O que é ser antirracista?
Ser antirracista é assumir que vivemos em uma sociedade racista e, portanto, o racismo faz parte de nossas crenças e atitudes.
Dessa forma, ser antirracista é usar estratégias que permitam abandonar os conceitos racistas, se antecipar para que ações racistas não se realizem, além de se opor a toda e qualquer forma de racismo.
Um dos grandes nomes dos estudos de educação para as relações étnico-raciais de nosso país é a professora Eliane Cavalleiro que, em 2001, empreendeu uma pesquisa sobre como ser antirracista no ambiente escolar. Neste estudo, ela apresenta as características do ambiente escolar antirracista. Aqui neste texto, voltado especialmente para pais e mães, adaptamos essas características para o contexto doméstico.
Uma família antirracista:
1. Reconhece e discute a existência do racismo e dos preconceitos.
2. Rejeita toda e qualquer atitude preconceituosa e discriminatória que ocorra no seu cotidiano ou nas suas relações.
3. Zela para que as relações interpessoais entre adultos e crianças, entre negros e brancos sejam respeitosas.
4. Valoriza a diversidade de pessoas e culturas de nosso país e a utiliza para ensinar sobre igualdade e equidade.
5. Oferece materiais que contemplem a diversidade racial de nosso país, assim reconhecendo positivamente a identidade de cada pessoa.
Outro ponto importante de ser observado é o privilégio. As pessoas brancas podem decidir se discutem ou não raça. As pessoas negras não têm como ignorá-la. Assim, não basta uma postura de inclusão, precisamos enfrentar o problema do racismo e se colocar na posição de quem irá combatê-lo antes mesmo dele ocorrer.
Como iniciar essa conversa com as crianças?
Não precisamos chamar as crianças para uma roda de conversa cujo tema é racismo. Basta que ofertemos a elas condições de pensarem sobre o assunto.
Essas condições estão no acesso à cultura (livros, filmes, músicas, respeito às expressões de religiosidade etc.). A convivência com pessoas de diferentes raças também é importante.
Isso vale para famílias brancas e famílias negras!