A escolha da escola: relato de nossa experiência

Nossa jornada em busca da escola perfeita para o Arthur envolveu uma conversa clara sobre o que desejávamos para a educação de nosso filho; uma avaliação das nossas condições financeiras; uma pesquisa ampla sobre as escolas que se encaixavam naquilo que poderíamos pagar e no que acreditamos em termos de educação. Para essa seleção, compartilhamos muitas experiências com nosso grupo de pais no WhatsApp. Na verdade, o grupo tornou-se um ponto de encontro para compartilhar experiências, dúvidas e insights, proporcionando uma perspectiva mais abrangente sobre as escolhas educacionais disponíveis para nossa família e para as famílias que dividem o espaço virtual conosco.

Fizemos uma lista prévia que tinha 5 escolas, que foram as primeiras visitadas. Essa lista acabou sendo ampliada e visitamos um número muito  maior de instituições para tomar a decisão pela melhor escola para nosso filho.

As visitas foram primordiais para que pudéssemos perceber alguns detalhes que não são perceptíveis nas propagandas, nos sites, nas redes sociais e até mesmo nos relatos de terceiros. Observar os espaços, as atividades nas paredes, as crianças e educadores em ação confirmam ou rechaçam o que está nos documentos e propagandas e permitem que, de alguma forma, possamos “experimentar” o clima do lugar.

Como todos sabem, somos adeptos da educação montessoriana, e isso guiou muito nossas visitas. Três escolas foram visitadas considerando a metodologia de ensino que enfatiza a independência e a criatividade das crianças. Apesar desse nosso desejo pessoal, entendemos que nem sempre a metodologia pode estar à frente, assim visitamos escolas que também seguiam outras linhas metodológicas. Nos assustamos um pouco com algumas confusões que ocorrem nas explicações, também foi desagradável, para sermos delicados, observar que algumas escolas, apesar de se dizerem sociointeracionistas, são na verdade tradicionais. Tradicionais a ponto de manter crianças de 4 anos tendo apenas 15 minutos de brincadeiras no pátio ou sentadas em fileiras.

Abordagens com pouca estrutura teórica também foram vistas. Na tentativa de atender e acolher as famílias, algumas escolas se perdem no seu compromisso com o ensino e a educação, que deve considerar as necessidades individuais do estudante. A individualidade do estudante precisa ser respeitada, mas o seu direito à educação não pode ser negligenciado ou abandonado em nome de um acolhimento da família (que é a expressão para venda de produtos no momento).

Enquanto visitávamos as escolas, as trocas no grupo continuaram. Inúmeros relatos chegavam e traziam perspectivas diversas que precisam ser observadas para essa escolha. Cada nova experiência alimentava o debate, proporcionando uma perspectiva coletiva valiosa sobre as escolhas educacionais, que não envolvem apenas nosso filho, mas a geração dele. Entendemos que precisamos oportunizar o melhor para ele, mas também para as crianças de sua geração, pois isso impactará na sociedade em que ele vive.

Decidimos por uma escola que não é montessoriana, mas que segue uma pedagogia em que a criança é protagonista de sua educação. A escola onde Arthur foi estudar valoriza as artes, a cultura, o movimento do corpo, as línguas, a diversidade, a natureza e a aprendizagem.

Estamos certos de que foi a melhor escolha? Não. Somente o dia a dia nos mostrará que acertamos. Mas, enquanto pais, tomammos uma decisão que considerou nossos valores e aquilo que nosso filho aponta como sendo importante. A parceria de outros pais foi fundamental para que  chegássemos a essa decisão.

Para além da escolha da escola, essa experiência comprovou o
que colocamos como premissa logo que nosso filho nasceu: “É preciso uma
aldeia inteira para educar uma criança”. Nos atrevemos a dizer que, por vivermos
em comunidade e sabermos que todos somos responsáveis por nossas crianças, isso
se aplica muito à escolha da escola e ao compromisso que todos nós precisamos
ter com a educação de nossos filhos.